sábado, 22 de novembro de 2008

Marrocos - Atlas Fev 2004


Guerraman e Nuno Guimas no Alto do Toubkal

Como e quando foi.

Esta viagem ocorreu em Fevereiro de 2004 e foi organizada pela Papa-leguas.
Convenci o meu amigo Nuno Guimarães a acompanhar-me, de certeza que iria ser divertido.
O Nosso grupo era constituido pela Lurdes Ferreira e pela Beatriz (Espanhola). Fiquei com uma boa amizade com ambas. A Beatriz mais tarde acompanhou-me a mim e à Lena no passeio da Costa Rica.

Fotos da Viagem.
Pode-se visualizar as fotos aqui.

Detalhe da Viagem.
20 de Fevereiro de 2004

Levantei-me às 5 da manhã, as férias começavam cedo, vesti-me e fui apanhar um taxi em Entrecampos. Eram 6:05 quando cheguei ao aeroporto, tive de esperar 10 minutos pelo Nuno, fomos para o guichet e foi fácil reconhecer a Lurdes – Já tinha trocado uns mails com ela, por isso já tinhamos uma ideia de como iríamos vestidos. A amizade foi rápida e certeira.
O avião partiu à hora correcta, era pequeno, um verdadeiro teco-teco. Um dos nossos companheiros de viagem era o ilustre seleccionador nacional ->
Foi giro voar num avião em que o cockpit está exposto.

Quando chegamos a Casablanca ficamos à conversa num café, foi tão agradável e motivante que acabamos por fazer o Check-in tarde e deparamos com over-booking. As malas já estavam no avião e seguiam para Marrakesh, a solução dada pela Regional Airlines foi fornecer um taxi até Marrakesh e fomos todos contentes a ouvir musica marroquina.
Quando chegamos a Marrakesh fomos para o aeroporto para levantar as malas.

A aventura do dia não terminava por ali, o passo seguinte foi procurar o Hotel o que não foi fácil e para mais tínhamos o nome e morada errada.
A noite acabou bem, encontramos o hotel e jantamos bem, ainda faltava a nossa colega espanhola – Beatriz – que chegou por volta das 23:00


21 de Fevereiro de 2004

Tomamos o pequeno almoço e saímos do hotel por volta das 9:30, o plano de viagem foi alterado pois tinha nevado muito e não era possivel ir para a estancia de SKI. A nossa Hiace levou-nos para Asni, aldeia um bocado estranha, cheia de vendilhões, o objectivo era apanhar o guia – Lhacen. Tivemos de andar mais um pouco e fomos ter a uma casa, onde estavam as mulas e os carregadores à nossa espera, tomamos um chá e iniciamos a nossa viagem.

Começamos a subir por uma aldeia, à nossa volta as primeiras imagens do Marrocos profundo, o povo Berbere.
O dia não estava nada bonito e começou a chover, o tempo não era propicio para as fotografias. Estivemos quase sempre a subir, até que chegamos a um estradão, foi então que começou a queda de granizo. Eu ia tirando algumas fotos mas duvidava um pouco da qualidade das mesmas, a paisagem era bonita e o risco valia a pena. Estava um pouco em sofrimento pois tinha uma mochila às costas de 45 L, que se tornava mais pesada com a chuva.

Chegamos a uma aldeia Berbere onde ficamos, segundo o Lhacen ainda tínhamos mais meia hora de caminho mas o tempo não convidava, como tal iríamos parar por ali.
Fomos muito bem recebidos, para mim não era supresa pois já conhecia a hospitalidade Berbere, tiramos a roupa molhada e comemos Barras energéticas para enganar a fome. Rápidamente fomos presenteados com chá, ou não estivéssemos num pais muçulmano.
O almoço foi uma bela salada que saboreamos com prazer.
Após a refeição fomos convidados a ir para a cozinha, onde fazia mais calor, ali podemos presenciar como vive uma familia berbere, as crianças ficaram encantadas com a nossa presença e deliraram com as maquinas fotográficas.

Pelo meio da tarde demos um pequeno passeio pela aldeia, à noite o jantar foi maravilhoso, não só pela comida assim como pela conversa que se manteve.
Fomos dormir cedo, o quarto não tinha nada, apenas os nossos colchões , não se ouvia um único barulho, até que a Beatriz resolveu começar a ressonar.

22 de Fevereiro de 2004

Acordamos às 5 da manhã com o som das orações, é um dos privilégios de se estar num pais muçulmano. Levantamos por volta das 7, era uma benção, o dia estava lindo, azul e com bastante sol. Uma das minhas tradições biológicas é de manhã “limpar” o estômago e como tal usufrui das belas casas de banho da habitação, um buraco negro no meio do chão, num cubiculo sujo e sem iluminação.
Tomamos o pequeno almoço no terraço, com a bela vista das montanhas nevada e da bela aldeia Berbere.

Começamos a andar cedo, conforme nos iamos afastando disfrutavamos da beleza da aldeia Berbere, no topo uma série de anciões estavam reunidos, vestidos de belas Jilabas coloridas.

Diante de nós estavam montanhas imponentes cheias de neve, era para lá que nos dirigíamos. Quando começamos a subir a paisagem era a cada passo mais bonita, umas gargantas bonitas, tudo cheio de neve. De vez em quando passava outra excursão, a ultima das quais trazia familiares do Lhacen. O seu filho, o pequeno Mustafá, acompanhou-nos até à casa de seu pai que ficava num vale muito bonito.
A casa era grande e moderna quando comparada com o estilo de vida da aldeia. Fomos almoçar no terraço que tinha uma vista magnifica sobre o vale e montanhas que rodeavam a aldeia.
Mais uma vez fomos presentados com a bela gastronomia Marroquina – Tangine com uma omolete de vegetais.
Passamos o resto da tarde a apanhar sol e a descansar.
De noite a Beatriz dormiu num quarto separado do nosso, era o preço de ressonar.
A aldeia onde estávamos chama-se Mizik.

23 de Fevereiro de 2004

Saímos cedo de casa de Lhacen depois de 1 belo pequeno almoço, a aldeia começava a sua labuta matinal, as crianças iam para a escola os homens trabalhavam nos campos, enquanto as mulheres passeavam o gado.
Começamos a subir por um caminho de Terra batida, ao fundo avistávamos o maciço do Toubkal. Passamos por uma aldeia e após um breve terreno plano cheio de pedras, começamos novamente a subir, fomos ter a um trilho que seguia ao longo de um rio. Chegamos a uma pequena ponte que iniciava uma nova subida, antes de começar a subir paramos num grupo de pequenas lojas para beber um chá.
Agora começava a parte difícil, um caminho curto que serpenteava pela montanha, estávamos no meio da neve e as mulas não podiam subir mais, as malas iam ser transportadas por carregadores. A acompanhar a nossa subida vinha um grupo grande de Ingleses, a meio do caminho eles ficaram para trás.

A vista era maravilhosa, montanhas carregadas de neve, simplesmente inacreditável. O nosso progresso era feito lentamente pois a neve estava muito fofa. O Ali ia um pouco depressa de mais e a Beatriz e a Lurdes ficavam um pouco para trás. Pelo caminho ainda deparamos com algumas encostas que tiveram de ser subidas a Piolet.

Finalmente o refugio, estávamos tão cansados que depois de almoço eu e o Nuno fomos para o quarto dormir.

Jantamos cedo e fomos novamente dormir, ou melhor tentar pois num quarto com 16 pessoas o barulho é mais do que muito


24 de Fevereiro de 2004

O despertador tocou às 6 e saímos da cama para ir tomar o pequeno almoço, o objectivo era subir o Toubkal, o Ali apareceu mas as noticias não eram boas, o tempo estava terrível, nevoeiro, um vento forte e nevava, desta forma era impossível tentar subir, a única solução era esperar.
O tempo não melhorava e como não havia nada para fazer almoçamos por volta das 11 da manhã. O Ali questionou-nos se pretendíamos ficar ou ir embora, naquelas condições descer também não era fácil.
Resolvemos ficar, os carregadores de todas as formas subiram para ir buscar as malas, só ficamos com o essencial para subir ao Toubkal.
Passamos a tarde toda na risota, ao final do dia o tempo parecia melhorar como tal saimos para tiramos algumas fotos.


Fomos surpreendidos com algumas mensagens de preocupação tanto da Luisa, namorada do Nuno, assim como da Lena, ao que parece houve um terramoto em Marrocos, nós não nos apercebemos de nada.
Fomos cedo para a cama, desta vez tínhamos de dormir.


25 de Fevereiro de 2004

Embora não tenha dormido a noite toda, sempre fui passando pelas brasas. O despertador tocou eram 6:30, levantamo-nos e tomamos o pequeno almoço. O dia estava longe de estar perfeito ou bonito, estava nublado mas mesmo assim íamos tentar.
Começamos a subir lentamente, a neve estava muito frouxa o que dificultava o passo. Iniciamos a primeira verdadeira inclinação, o Ali alertou para o perigo de alvalanche e como tal íamos com muito cuidado. Ali seguia à frente com Nuno eu estava um pouco mais para trás e de seguida vinha a Beatriz. Terminda a primeira parte inclinada, tivemos de calçar os crampons pois o terreno tinha muita inclinação e o trilho era muito curto, era a 1ª vez que usava este tipo de equipamento mas confesso que não foi difícil a habituação. A subida era difícil, o vento soprava por vezes forte e tinha começado a nevar, os meus passos eram lentos para não me cansar. De vez em quando parávamos, A Betriz tinha “perdido” um crampom e seguia vagarosamente. Eu estava preocupado com ela pois o esforça estava a ser demasiado. Finalmente chegamos aos 4000 mts, a Beatriz não aguentava mais e ficou ali, eu tambem estava bastante cansado mas decidi continaur. O vento não dava trégua, parecia uma faca cortante, o coração saia-me pela boca e tinha que dominar o cansaço. O pico nunca mais chegava embora já tivesse sido avistado, estava quase, estava quase ... pouco antes de chegar tinha uma ligeira sensação de desmaio mas consegui conter-me, estava no cume.

Após abraços e cumprimentos, sentei-me para descansar e recuperar as forças, estava emocionado.
Tiramos as fotos da praxe e começamos a descer, estava muito frio ali em cima, já não sentia as mãos nem a cara, nestes momentos pensava muito na Maria e na Lena, como desejava estar com elas.
Começamos a descer, recuperei as forças e o animo, o Ali pediu a um guia para ir connosco enquanto ele ia mais depressa socorrer a Beatriz, quando chegamos perto dela que felicidade. A descida demorou muito menos tempo mas também não foi pêra doce, passamos grandes inclinações, quando chegamos ao Refugio cumprimentamos a Lurdes e fomos almoçar que nem uns desalmados ... claro que não podia faltar o chá.

A aventura não acabava por ali, depois de almoço descemos do refugio para a aldeia do Lhacen, ainda foram 12 Kms, a maioria em neve. Chegamos à aldeia por volta das 19, tinhamos andado desde as 7 da manhã às 19 da noite, foi um dia violento mas espectacular.


26 de Fevereiro de 2004

O dia acordou um pouco cinzento, era o ultimo dia de caminhada, tomamos o pequeno almoço e demos uma volta pelas aldeias circundantes, a paisagem era magnifica e aproveitamos para tirar fotos. Por volta das 13 fomos para casa pois chovia bastanta, ali ficamos o resto do dia, fazia muito, muito frio.


27 de Fevereiro

Acordamos por volta das 7, a aldeia estava toda nevada, tomamos o pequeno almoço, tiramos as ultimas fotos e fomos apanhar o Jeep que estava à nossa espera, fomos até Marrakesh, dai apanhamos o voo para Casablanca e depois para Lisboa.

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